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Quando optar pelos Cuidados Domiciliários

A esmagadora maioria das pessoas idosas querem continuar a viver nas suas casas enquanto for possível – um estudo efetuado nos Estados Unidos apontava para um valor de 86%.
Mas a primeira experiência neste sentido é muitas vezes incómoda e difícil. Aceitar um cuidador é reconhecer que deixamos de ser independentes, que já não dominamos todas as nossas faculdades e que o nosso espaço e, muitas vezes, a nossa intimidade vão ser “invadidos” por alguém.
Esta resistência à mudança e à presença de um elemento estranho em casa leva a que muitos idosos procurem disfarçar ou ocultar os seus problemas, para que não sejam confrontados pelos familiares – normalmente os filhos – e colocados perante uma escolha que não querem ter de fazer, ou que querem adiar o mais possível.
Se não estiver atento aos detalhes, é muito fácil ser levado a pensar que tudo está bem. Mas se estiver atento a alguns sinais de alerta, pode rapidamente perceber se um familiar está a precisar de ajuda. Mesmo que não queira admitir…
Eis alguns dos principais avisos a que deve estar atento:
- As faturas domésticas acumulam-se. O facto de não tratar das contas a horas e deixar acumular despesas é um sinal de que a pessoa está a perder o controle e que a gestão doméstica é uma preocupação demasiada;
- Relutância em sair de casa. Quando uma pessoa perde faculdades, tende a isolar-se como mecanismo de defesa. Isso pode-se dever a perdas de audição, visão, memória ou mobilidade. A socialização é um fator extremamente importante para um envelhecimento saudável;
- Perda de interesse nas refeições. A solidão reflete-se em vários aspetos da vida e um dos mais habituais é a alimentação. A refeição é uma ocasião social e as pessoas gostam de falar e conviver à mesa. A ideia de cozinhar ou comer sozinho desmotiva as pessoas e leva a que comam mal (comida rápida e fácil de preparar), sem os ingredientes necessários a uma alimentação equilibrada, ou mesmo que não comam de todo. É uma situação muito habitual em quem enviuvou recentemente;
- Desleixo na higiene pessoal. A aparência pessoal é um dos sinais mais comuns de que alguma coisa está mal. Uma pessoa que não se penteia ou não toma banho, que não muda de roupa dias a fio ou que usa roupas sujas, estragadas ou inapropriadas para a estação do ano, está claramente a precisar de ajuda e a entrar num processo de falta de amor-próprio e depressão;
- Perda da capacidade de conduzir. Os acidentes frequentes, mesmo que sejam apenas pequenos toques ou riscos, as multas que se repetem ou dificuldades em arrumar o carro, tudo pode indicar que a pessoa já não tem capacidade para conduzir e, possivelmente, ter outras dificuldades: falta de visão, dificuldade na mobilidade de pés e mãos;
- Sinais de depressão. Sentimentos de desespero, dificuldade em dormir, perda de interesse em atividades habituais, falta de contacto com familiares e amigos, podem ser sinais de que a pessoa está a entrar num estado depressivo;
- Ausência de consultas ou eventos sociais. Pode ser por esquecimento, falta de organização ou apenas porque a pessoa não quer sair de casa. Mas a verdade é que a ausência em ocasiões importantes é claramente um sinal de que perdeu a preocupação e a vontade de manter a sua rotina normal;
- Casa descuidada. Será fadiga, falta de vontade ou incapacidade física? Uma casa mal cuidada acarreta riscos de segurança e de saúde;
- Falhas na medicação. A medicação é um dos fatores mais importantes na manutenção do estado físico e neurológico dos idosos. E é um dos primeiros a falhar, quando as pessoas se descuidam. É muito normal um idoso não tomar a medicação, tomar fora de horas, enganar-se nas doses ou sobrepor medicamentos que não podem ser tomados em conjunto. Basta ver se as compras da farmácia são regulares ou se os comprimidos continuam nas caixas para perceber se alguma coisa está a falhar;
- Comida estragada ou fora de prazo. O frigorífico tem comida estragada, guardada em caixas? A dispensa está cheia de comida fora de prazo? Isto pode originar problemas de saúde sérios e é um sinal claro de que a pessoa não tem capacidade nem interesse para organizar a sua alimentação e atividade diária.
Controle periodicamente estes sinais e, na presença de um ou mais indicadores, fale abertamente com o seu familiar e mostre-lhe as vantagens em ter alguém que ajude a minimizar as suas dificuldades. Não deixe a situação arrastar-se: um apoio numa fase mais precoce serve como prevenção para evitar problemas mais sérios num futuro próximo.
